O nosso poder pessoal
Covid 19, quarentena, isolamento social, teletrabalho...
Em poucos meses a realidade como a conhecíamos e vivíamos foi drásticamente alterada. As nossas rotinas, os nossos relacionamentos, o trabalho, a escola dos nossos filhos, o acesso a instituições públicas e privadas... Tudo teve de ser repensado e alterado. Creio que nunca mais serão o mesmo.
Existe uma ameaça invisível e aterrorizadora, que ceifa vidas de idosos, de pessoas imunodeprimidas e de mais jovens também. Um vírus - o coronavírus. Uma doença - o covid 19.
Como se isso não bastasse a torrente de informações que circula na TV e nas redes sociais traz notícias verdadeiramente alarmantes de mortos e de contágios por todos os países do mundo, lembrando-nos da pior forma que estamos todos ligados e interdependentes. Logo é inevitável sentir medo e apreensão pelo futuro. A segurança é afinal uma necessidade básica e fundamental para qualquer ser humano, já o dizia Maslow.
Viver sem segurança é um salto no vazio. Na incerteza. O nosso EGO não quer isso. Quer segurança e controlo mesmo que seja puramente ilusório.
Também a solidão imposta pela quarentena ou pelo isolamento social é tão incómoda ao nosso EGO ( o ser humano é um ser iminentemente social) e vivíamos a era da globalização e da circulação mundial de pessoas e de mercadorias... Porém, na realidade, as pessoas já viviam sós nos seus computadores, telemóveis e redes sociais há muito tempo. Perdera-se muito o hábito de conversar nas famílias e na sociedade, de um modo geral.
Sejamos honestos esta situação do vírus causa sofrimento a todos. Não estavamos preparados. Estávamos tão habituados às nossas rotinas, às ruas sempre cheias onde caminhávamos despreocupadamente, tinhamos uma vida que não sendo perfeita (longe disso) era confortável e segura...
Será que o era mesmo?!
Não estaremos todos desde sempre a viver numa enorme ilusão de que controlamos o que se passa fora de nós quando na realidade nem o que se passa dentro de nós controlamos? Vou deixar este tema para outro post.
Numa situação de emergência de saúde, com a economia quase parada, como posso eu sentir que tenho algum poder sobre toda esta situação? - podem perguntar-se.
Há de facto variáveis que não estão sob o nosso controlo: as medidas do governo, as respostas do nosso SNS (Serviço Nacional de Saúde), o comportamento dos portugueses que vão para a rua passear ou para as praias, o Trump, o Bolsonaro, a China...
Você só tem poder sobre o seu próprio comportamento, pensamento, emoções e decisões que toma. E olhe que isto já dá uma grande trabalheira se você realmente levar a sério o seu próprio desenvolvimento pessoal!
Empenhe-se em pensar positivo SEMPRE. Agora com esta crise mundial isto ainda se torna mais necessário. Ser positivo é ter coragem, ser criativo, estar do lado da solução e não do problema, é manter a chama da esperança acesa, na certeza de que isto também irá passar.
Todos os dias pense positivo. Pesquise na net frases positivas e selecione uma que lhe agrade particularmente. Escreva-a num bloco de notas ou caderno. Reflicta acerca dela. Vai sentir-se melhor no final.
Tente estar atento às suas emoções. Elas influenciam muito a nossa forma de pensar e de agir. Não se devem reprimir emoções e todos temos o direito de ter momentos em que nos sentimos mais desanimados ou tristes.
As emoções podem ser geridas com inteligência emocional. Gerir emoções não é negá-las nem é reprimi-las. É perguntar-se a si mesmo: o que é isto que eu estou a sentir? Sinto-me... esquisito... Raiva, revolta, angústia, tristeza, culpa ou medo? Identifique o que é.
Depois de saber que emoção negativa o afecta, é hora de tomar consciência que cada emoção tem verso e reverso tal qual uma moeda. Por exemplo: Se sente raiva, determine o que causa essa raiva e aprenda a perdoar ( a pessoa ou a situação e a si mesmo). Não perdoar equivale a dar veneno ao outro e morrer você mesmo envenenado.
O AMOR é aquele sentimento que cura tudo o que é sentimento de baixa vibração ou negativo... Pesquise um pouco acerca dos opostos a sentimentos negativos... Tente posicionar-se na versão positiva desse sentimento e espante-se com os seus resultados!
Agora vamos falar de decisões. Elas são de grande importância pois são elas que orientam a nossa vida.
Tendemos a vitimizarmo-nos demasiadamente na nossa cultura. Não fiz aquilo porque o meu pai ou marido não aprovou... Podia ter sido isto ou aquilo mas um professor chumbou-me. Por favor! É você é que decidiu desistir! Já reparou que é sempre o outro e nunca nós?
Não decidir, também é uma decisão.
É o nosso EGO que adora vitimizar-mo-nos (sermos uns coitadinhos) e atira as responsabilidades para os outros (os maus).
O que lhe aconteceu? Faltou-lhe a coragem e a determinação para se afirmar? Acreditou mais na capacidade e poder do outro que não o apoiou do que no seu próprio poder? Achou que dava muito trabalho e requeria muita energia? Dúvidou da sua própria capacidade?
Perguntas desconfortáveis, não acha? Porém, necessárias se pretende tornar-se um adulto responsável e autoconsciente!
Neste contexto de covid 19, devo tomar decisões de segurança sugeridas pela OMS e DGS para mim e para os outros respeitando o isolamento e distânciamento social.
Posso e devo encontrar formas construtivas de ocupar o meu tempo em casa. Algumas sugestões construtivas para quem não está em teletrabalho e também para quem já está:
-Frequentar cursos à distância - para ocupar a mente e ampliar conhecimentos;
-Ler livros que guardei e não li;
- Experimentar receitas;
-Limpar a casa, dar volta a gavetas e armários;
- Fazer exercício físico diáriamente;
-Ver filmes e séries bem-humoradas;
-Ligar a amigos e familiares;
-Reflectir acerca do percurso de vida e estabelecer novas metas;
-Auxiliar amigos, familiares e vizinhos - fazendo compras para eles, por exemplo;
- Meditar e contemplar a natureza (uma flor, um pássaro, as nuvens...) tudo é milagroso e maravilhoso na natureza...
E tantas coisas mais...
Tentei neste artigo demonstrar que apesar de existirem aspectos da realidade externa actual que escapam ao nosso controlo, existem outros que são da nossa exclusiva responsabilidade.
Fiquemos em casa. Vamos contribuir para a solução.