Temos vindo a falar de verdade.
A Verdade aquela que é única, intemporal e absoluta, nada tem a ver "com a sua verdade" a qual corresponde à sua forma de ver a realidade segundo as suas crenças, hábitos e valores.
A Verdade da qual falo une e não divide. Reside no interior de nós e não na nossa realidade ou circunstância de vida. Não é uma opinião expressa. Não se diz. Sente-se com o nosso coração.
Dito isto, este texto é da minha inteira responsabilidade e não se insere numa ideologia partidária ou política. Sigo o meu coração. Porém, expresso uma opinião o que fará com as palavras expressas sejam limitadas... Possam ser distorcidas e mal interpretadas.
Ao falar de paciência não resisto em mencionar o caso de Anne Frank e da sua família, refugiados num sotão em Amesterdão durante dois anos, em plena segunda guerra mundial , até serem encontrados pelos alemães e levados para um campo de concentração.
O seu relato de jovem adolescente comoveu gerações de leitores pelo mundo fora. No seu diário reflectiu acerca das personalidades e relacionamentos dos vários elementos da sua família. Aquele diário foi a "bóia" salvadora da sua sanidade mental, em tempos difíceis de isolamento.
Recentemente, soube também de uma sobrevivente judia que viveu dois anos num poço seco e outros três anos no gueto de Varsóvia, sem banho, subnutrida e sem afecto e proteção. Ela também é um exemplo do que é ser paciente e resiliente.
O povo português tem sido elogiado pelo governo pela sua autodisciplina. E apesar de vermos povos menos respeitadores dos seus estados de emergência, acho que não temos sido assim tão "bem comportados"...
O nosso confinamento aqui num país ocidental e europeu, será muito mais fácil de suportar que num país não desenvolvido e super populoso da américa latina ou ásia...
Temos água, abrigo, comida, tv, internet, telemóveis e telefones...
Na estratégia de combate ao virus existem dois caminhos: o confinamento social e paragem forçada da economia ou a estratégia de imunidade de grupo - argumento muito defendido pelos mais economicistas.
Na net vejo pessoas degladiarem-se por uma e por outra alternativas.
Na minha opinião pessoal, no nosso país a primeira estratégia era a única possibilidade que tinhamos. Não só devido às fraquezas no nosso SNS (Serviço Nacional de Saúde) mas também porque se o caos se instalasse, não dúvido que a contestação social interna seria tremenda e seria impossível governar este país sem a confiança do seu povo.
Sim, o nosso SNS não tinha equipamento (de proteção, ventiladores e camas, hospitais suficientes) e recursos humanos suficientes para enfrentar esta pandemia. Se calhar, ainda não tem... Logo, só diminuindo a incidência do número de casos de covid 19 se criam condições para uma resposta mais condigna. Que não é a ideal, como o sabemos.
Ah, mas isso terá custos económicos elevadíssimos!... Sim, terá... Já está a ter. Porém, com o que se passa pela europa fora e pelo mundo fora, e sendo Portugal um país mais consumidor que produtor, como não seríamos afectados económicamente? Isso era uma impossibilidade! Não somos autosuficientes em termos produtivos, mas concordo que teremos de apostar mais no sector primário e secundário, daqui para a frente.
E já que falamos de economia, sendo o turismo o sector que gera mais receitas, será que alguém consegue avaliar os custos que teria para o sector uma imagem de um Portugal com taxas elevadas de mortalidade e de infectados?
Quanto ao argumento da imunidade de grupo... Eu coloco imensas reticências neste argumento!
Não é ético permitir o contágio generalizado de uma população sem realizar um esforço de contenção do fenómeno. E não, não me refiro a proteger apenas idosos e doentes crónicos. Morrem pessoas de várias fachas etárias porque na verdade ainda há muito que não se sabe acerca deste virus.
Quem refere os exemplos da Alemanha e dos países nórdicos esquece um pormenor importante: culturalmente somos um país do sul. Temos mais a ver com gregos, italianos, franceses e espanhóis do que com os nórdicos e alemães.
Isto não ía correr como dizem estar a correr lá nos países do norte. Não temos os recursos humanos, técnicos e os equipamentos deles. Ponto.
Sentir-se-ía bem consigo mesmo num cenário em quem vivesse vivia e quem morresse , morria? Sentia-se seguro e confiante?
Sim, vão existir mais contágios e mortes. O que se fez foi achatar a curva de incidência. Não vamos ficar todos bem.
A não ser que se descubra uma vacina ou tratamento eficaz vamos ter de continuar a viver com esta ameaça. Ou outras que possam surgir ainda. Recordemos a trilogia guerra, peste e fome. Já temos as primeiras...
Não foi somente o nosso país que parou. O mundo parou.
Como vai ser daqui para a frente? Ninguém o sabe bem.
Uma coisa sei, seja paciente.
O contexto actual requer paragem e reflexão individual e colectiva.
Pare e reflicta.
Seja responsável.
Por si e pelos outros.
Você não é uma ilha. As suas ações tem reflexo em todos nós.