Ter um projeto solidário
ou até ter vários!
Este ano de 2021 vai requerer muita resiliência, paciência e solidaridade.
Creio que o rombo financeiro causado pela pandemia do covid 19 se vai agudizar por todo o mundo. Vai haver crise económica generalizada e instabilidade social.
Importantíssimo, saber agradecer o que se tem e saber também ser solidário com o próximo. Com quem não tem.
Ainda não me parece que será este ano que vou conseguir abraçar um projecto social com o meu voluntariado, porque continuo a não conseguir ter a disponibilidade de tempo que isso requer...
Então coloquei-me a pensar: como poderei ser mais solidária com as outras pessoas?
Em 2020, além de ter doado roupas e sapatos que já não necessitávamos, em diversas ocasiões, também passei a recolher lixo na praias nas minhas caminhadas. Em março criei este este espaço de partilha e de reflexão para pessoas que estão interessadas na sua evolução como seres humanos e em serem mais ao invés de terem mais. E posteriormente, aprendi reflexologia para prestar apoio e bem-estar a dois elementos idosos da minha família (com o inverno tive de parar pois tem estado um frio tremendo e estar de pé ao léu não é fácil!). A solidariedade começa na família onde nos inserimos e estende-se.
Em 2021 estou a pensar manter as anteriores iniciativas e doar um montante mensal para apoio a causas ou dar a algumas pessoas directamente.
Isto ocorreu-me hoje quando entrei num supermercado e fui abordada por uma mulher com um bébé a pedir esmola. A minha primeira reação foi pensar: "Nos supermercados aparecem sempre pessoas a pedirem e a viverem de mendicidade ao invés de irem trabalhar." Mas depois quando fui pagar na caixa vi que levava duas caixas de comida para os meus cães e duas escovas de cabelo... Senti muita vergonha... Eu podia comprar bens que não eram de primeira necessidade. Eu estava numa posição em que podia ajudar alguém... Por isso, eu ajudei aquela mulher com uma pequena doação de dinheiro (podia também ter comprado algo para o bébé mas não quiz voltar a entrar no supermercado)!
Não sei se esse dinheiro será bem usado. Se será para ela, ou se irá financiar alguma rede, ou algum vício... Mas a alegria e a gratidão que vi no seu olhar encheu o meu coração! O que ela fará com o dinheiro que lhe dei, e que outras pessoas lhe deram será da responsabilidade dela.
Nem de propósito logo a seguir vi um post no facebook de uma das minhas amigas do biscuit (faço biscuit desde 2008 e tenho muitas pessoas de várias nacionalidades que partilham comigo esta paixão!). Ela conta que uma vez comentou num workshop que estava farta de correntes que as pessoas enviam por mensagem, e em especial havia uma que sugeria colocar 4 reais em cinco envelopes e colocar anónimamente na caixa de correio. Então uma das participantes nesse workshop contou que num momento em que passava graves dificuldades, um dia alguém deixou 4 reais na sua caixa de correio. Com esse dinheiro ela comprou massinha biscuit, fez peças que vendeu e encontrou uma vocação e uma fonte de rendimento. Ela conta que depois daquele relato, teve de rever a sua opinião acerca de doar dinheiro.
Confesso-vos uma coisa, este tipo de generosidade anónima, na qual não se espera nada em troca e se dá gratuitamente, é a minha preferida. Não tem interesses por detrás. É muito pura e virtuosa!
Muitas pessoas fazem o chamado "bem" com interesses em contrapartidas (dinheiro, heranças, obterem admiração social, redenção divina para os seus defeitos e pecados e outras razões). Não é uma verdadeira doação pois tem subjacente algum tipo de interesse... É tipo um toma lá, dá cá!
As pessoas mais caridosas e virtuosas que conheci, são pessoas extremamente gratas pela vida que tem, e por tudo o que tem nas suas vidas. Praticam boas ações porque não sabiam fazer de modo diferente dos seus valores. Nada esperam. Nem de quem auxiliam, nem de Deus, nem de ninguém... A mera satisfação de sentirem que fizeram o que sentíam no coração lhes basta.
Gostaria de vos lançar um repto para este ano que agora principia no calendário, reflictam como poderão ser mais solidários. Será que não existe nenhuma forma de serem mais participativos na vossa comunidade e na vossa família?