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O Despertar da Mente

O Despertar da Mente

Do desconfinamento ao retomar do trabalho

EU SOU EU SOU, 13.06.20

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Entrar em confinamento foi um desafio... Porém, o regresso ao trabalho também o é!

Primeiro, porque se  trata de um regresso à "normalidade possível" dado que o covid 19 continua a existir e ainda não se descobriu nem cura nem vacina! Logo, é inevitável internamente confrontar-mo-nos com receios pela nossa segurança. 

Em segundo lugar, porque o confinamento para alguns permitiu recuperar qualidade de vida. Mais tempo para dormir. Mais tempo para apoiar a família. Mais tempo para a casa, para a vida familiar e para si mesmo. Menos correrias. Menos tempo em filas e trânsito ou à procura de estacionamento. Menos gastos em combustíveis e alimentação ou em compras desnecessárias...

Em terceiro lugar, porque ainda muitos serviços não funcionam em pleno como as escolas, assim os condicionalismos nas vidas dos cidadãos que são pais, são uma realidade! E nos restantes cidadãos também! Afinal, o acesso a qualquer estabelecimento é mais condicionado e controlado... Logo demora mais!

Para o ajudar neste regresso, para que se mantenha o mais sereno e equilibrado possível, aqui ficam algumas sugestões:

- coloque um despertador para o lembrar de se ir deitar. É fundamental uma noite bem dormida para um dia produtivo e com energia e bom-humor. O adulto médio deve dormir entre 7 a 8 h por dia;

- acorde mais cedo que o habitual (comece por apenas 15 minutos e vá ampliando) e reserve esses primeiros momentos do seu dia para si mesmo! Faça alongamentos, ioga, meditação para o ajudar a estar em forma e focado. Eu costumo também fazer visualizações, afirmações positivas ou orações, escrevo um pouco e leio outro pouquinho (resrovo uma hora!);

- inicie o seu dia de trabalho higienizando o seu local de trabalho, colocando o seu equipamento de proteção;

- faça uma pausa a meio da manhã para um lanche breve;

- ao almoço apanhe ar e sol . Nem que seja à janela!

- após sair do trabalho dedique os momentos seguintes a si mesmo. Faça uma caminhada, beba um chá ou refresco e apanhe sol. Então depois dedique-se a outras tarefas caseiras e familiares, desfrutando desta altura do ano em que os dias são longos.

- tome o seu jantar em família, se for possível até às 20.30. Aproveite para colocar a conversa em dia.

A melhor forma de viver cada dia com alegria é sentir gratidão. Seja grato por ter um emprego. Seja grato por ter um sustento financeiro para a sua vida e a vida dos seus. Procure no seu trabalho contribuir para o bem comum sendo solidário, atento e respopnsável.

 

A gratidão é o estado de recebimento

EU SOU EU SOU, 20.04.20

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Nesta pandemia é inevitável pensarmos naquilo que perdemos... A liberdade e facilidade de nos reunirmos com familiares e amigos, a demonstração de afectos (abraços e beijinhos), a sensação de segurança (embora ilusória), a participação em eventos, viajar, ir à praia ou fazer caminhadas sem ser controlado e sem preocupação, ir ao supermercado ou a qualquer lugar despreocupadamente... E tantas coisas mais!  E depois há aquelas estatísticas diárias de mortos e de infectados que muito contribuem para a nossa ansiedade.

Pois é, pensar nestas coisas não nos deixa num bom estado de espírito... É até um bocado deprimente. Não é edificante, pois drena-nos a energia e a vontade de agir. Este é um estado de falta de recursos.

Assim, desde ontem que tenho procurado reflectir acerca do que posso retirar de positivo desta situação, quer em termos individuais como colectivos...

Haverá mesmo alguma coisa positiva para registar?

E dentro de mim surgiu a resposta de que sim, existe!

Em termos individuais quero realçar:

- Uma vida mais tranquila (por não ter tanto stress com deslocações diárias e estacionamento para ir trabalhar) e  por ter uma menor interação com outras pessoas (fonte de drenagem de muita energia) - eu trabalho com o público;

- Ter mais tempo para mim: para reflectir, para desenvolver interesses pessoais, ler, ver filmes, assistir a formações on-line, conversar com a família directa, contactar amigos (redes sociais, telefone) e estar mais atenta às suas necessidades e procurar ajudar.

- Ter mais tempo para a família - e se no início houve alguns conflitos e divergências, agora atingimos uma maior maturidade e entendimento relacional;

- Ter mais tempo para os nossos dois pets (grandes beneficiários do confinamento e do isolamento social)! Tornaram-se dois anjinhos, tendo abandonado as traquinices do passado, nomeadamente os buracos no relvado;

- Uma gestão mais racional de recursos (dinheiro e compras) tendo em mente que esta situação vai ser prolongada e que devemos ser mais responsáveis e prudentes... Se calhar o covid 19 foi o empurrão necessário para se reduzir o consumismo desta família;

- Uma revisão de prioridades, de metas e de objectivos de todos os elementos da nossa família, ajustáveis a esta nova realidade;

- A confirmação de que muitas mudanças internas que iniciei há uns anos me deram ferramentas para enfrentar a presente situação com maior resiliência e tranquilidade.

Portanto, uma série de motivos para sentir gratidão, no meu caso pessoal... A estes motivos acrescentaria também o facto de ter saúde e estar viva e os meus familiares e amigos também... e de ter as minhas necessidades principais asseguradas.

E você, se estiver a ler este post, também poderá rever-se em alguns destes motivos... Ou pode encontrar outros! Pois se tem internet, significa que terá luz, uma casa onde viver, água potável, alimentos, dinheiro para pagar essas despesas... Há quem não tenha... Apenas grande parte da humanidade - e não tem nada a ver com esta pandemia! Este problema mundial existe há séculos!

Algumas pessoas que eu conheço contaram-me não sentir grande diferença nas suas vidas com a presente situação. Uns porque já trabalhavam em teletrabalho, outros tinham um trabalho com horário flexível, e outros ainda estavam em casa reformados ou inactivos. Para estes só a questão da higenização e do distânciamento social, se alterou.

Pelo que observo, aumentou imenso o medo colectivo e a incerteza pelo futuro. Isso é doloroso. E se isso não contribuir para uma mudança da consciência da maioria das pessoas, então mais acontecimentos desafiantes ocorrerão futuramente (na esfera individual e colectiva), pois estamos numa época de mudança de paradigma existencial.

Não, isto não vai voltar a ser igual!

Se mantivermos a capacidade de agradecermos diáriamente por tudo aquilo que a vida nos presenteia, e  que antes julgávamos garantido, criaremos contexto para recebermos muitas mais bençãos.

Se optarmos por nos refugiarmos no medo e no desespero, na impaciência, no julgamento dos outros, na irracionalidade e na inconsciência continuaremos a co criar mais do mesmo.

É impossível ser-se grato e ao mesmo tempo estar sempre a reclamar da vida. Ou se é grato, ou se reclama. Recebemos na mesma proporção em que sabemos agradecer ou se vivemos descontentes com tudo e todos.

Eu sei que realidade quero na minha vida! E você, já decidiu qual vai ser?

 

 

 

 

A paciência em tempos de covid 19

EU SOU EU SOU, 08.04.20

Temos vindo a falar de verdade.

A Verdade aquela que é única, intemporal e absoluta, nada tem a ver "com a sua verdade" a qual corresponde à sua forma de ver a realidade segundo as suas crenças, hábitos e valores.

A Verdade da qual falo une e não divide. Reside no interior de nós e não na nossa realidade ou circunstância de vida. Não é uma opinião expressa. Não se diz. Sente-se com o nosso coração.

Dito isto, este texto é da minha inteira responsabilidade e não se insere numa ideologia partidária ou política. Sigo o meu coração. Porém, expresso uma opinião o que fará com as palavras expressas sejam limitadas... Possam ser distorcidas e mal interpretadas.

Ao falar de paciência não resisto em mencionar o caso de Anne Frank e da sua família, refugiados num sotão em Amesterdão durante dois anos, em plena segunda guerra mundial , até serem encontrados pelos alemães e levados para um campo de concentração.

O seu relato de jovem adolescente comoveu gerações de leitores pelo mundo fora. No seu diário reflectiu acerca das personalidades e relacionamentos dos vários elementos da sua família. Aquele diário foi a "bóia" salvadora da sua sanidade mental, em tempos difíceis de isolamento. 

Recentemente, soube também  de uma sobrevivente judia que viveu dois anos num poço seco e outros três anos no gueto de Varsóvia, sem banho, subnutrida e sem afecto e proteção. Ela também é um exemplo do que é ser paciente e resiliente. 

O povo português tem sido elogiado pelo governo pela sua autodisciplina. E apesar de vermos povos menos respeitadores dos seus estados de emergência, acho que não temos sido assim tão "bem comportados"...

O nosso confinamento aqui num país ocidental e europeu, será muito mais fácil de suportar que num país não desenvolvido e super populoso da américa latina ou ásia...

Temos água, abrigo, comida, tv, internet, telemóveis e telefones...

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Na estratégia de combate ao virus existem dois caminhos: o confinamento social e paragem forçada da economia ou a estratégia de imunidade de grupo - argumento muito defendido pelos mais economicistas.

Na net vejo pessoas degladiarem-se por uma e por outra alternativas. 

Na minha opinião pessoal, no nosso país a primeira estratégia era a única possibilidade que tinhamos. Não só devido às fraquezas no nosso SNS (Serviço Nacional de Saúde) mas também porque se o caos se instalasse, não dúvido que a contestação social interna seria tremenda e seria impossível governar este país sem a confiança  do seu povo.

Sim, o nosso SNS não tinha equipamento (de proteção, ventiladores e camas, hospitais suficientes) e recursos humanos suficientes para enfrentar esta pandemia. Se calhar, ainda não tem... Logo, só diminuindo a incidência do número de casos de covid 19 se criam condições para uma resposta mais condigna. Que não é a ideal, como o sabemos.

Ah, mas isso terá custos económicos elevadíssimos!... Sim, terá... Já está a ter. Porém, com o que se passa pela europa fora e pelo mundo fora, e sendo Portugal um país mais consumidor que produtor, como não seríamos afectados económicamente? Isso era uma impossibilidade! Não somos autosuficientes em termos produtivos, mas concordo que teremos de apostar mais no sector primário e secundário, daqui para a frente.

E já que falamos de economia, sendo o turismo o sector que gera mais receitas, será que alguém consegue avaliar os custos que teria para o sector uma imagem de um Portugal com taxas elevadas de mortalidade e de infectados?

Quanto ao argumento da imunidade de grupo... Eu coloco imensas reticências neste argumento! 

Não é ético permitir o contágio generalizado de uma população sem realizar um esforço de contenção do fenómeno. E não, não me refiro a proteger apenas idosos e doentes crónicos. Morrem pessoas de várias fachas etárias porque na verdade ainda há muito que não se sabe acerca deste virus.

Quem refere os exemplos da Alemanha e dos países nórdicos esquece um pormenor importante: culturalmente somos um país do sul. Temos mais a ver com gregos, italianos, franceses e espanhóis do que com os nórdicos e alemães.

Isto não ía correr como dizem estar a correr lá nos países do norte. Não temos os recursos humanos, técnicos e os equipamentos deles. Ponto.

Sentir-se-ía bem consigo mesmo num cenário em quem vivesse vivia e quem morresse , morria? Sentia-se seguro e confiante? 

Sim, vão existir mais contágios e mortes. O que se fez foi achatar a curva de incidência. Não vamos ficar todos bem.

A não ser que se descubra uma vacina ou tratamento eficaz vamos ter de continuar a viver com esta ameaça. Ou outras que possam surgir ainda. Recordemos a trilogia guerra, peste e fome. Já temos as primeiras...

Não foi somente o nosso país que parou. O mundo parou.

Como vai ser daqui para a frente? Ninguém o sabe bem.

Uma coisa sei, seja paciente. 

O contexto actual requer paragem e reflexão individual e colectiva.

Pare e reflicta.

Seja responsável.

Por si e pelos outros.

Você não é uma ilha. As suas ações tem reflexo em todos nós.

 

 

 

 

 

 

 

 

A diferença entre informação, conhecimento e sabedoria

EU SOU EU SOU, 23.03.20

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Informação. Conhecimento. Sabedoria.

Creio expressar a opinião da maioria de nós quando refiro que existe uma enorme confusão entre estes três termos actualmente. E porquê que importa definir e diferenciar estes termos numa altura tão conturbada como aquela em que vivemos? 

Ora estão a surgir catadupas de informação e de contra informação (fake news) acerca deste problema do virus, e creio que nunca como agora me pareceu tão oportuno diferenciar estes conceitos para podermos individualmente avaliar e triar as informações que circulam e evitarmos ser lubridiados por oportunistas, ou pior ainda, deixar-mo-nos contaminar por informações infundadas.

A informação são um conjunto de dados (referentes a números, a pessoas, lugares ou qualquer coisa) processados dentro de um determinado contexto em números e símbolos. Como são dados processados, e não a realidade em si mesma, estão sempre sujeitos à subjectividade de quem processa a informação (familiaridade do sujeito com os dados, as suas crenças, os seus valores). Um exemplo disso são as estatísticas, as notícias, as sondagens. Também as fake news se enquadram aqui como uma contra informação que tem em mente produzir uma determinada reação no público.

O conhecimento é o estado de conhecer algo através da compreensão, de estudos comparativos e de conceitos, ou seja, implica uma construção por meio do raciocínio lógico, intuição, insight e experiência. Assim, através da associação de várias informações acede-se a uma maior compreensão da realidade. No conhecimento há mesmo um movimento de expansão e ampliação do entendimento. Esse é o caso do conhecimento científico.

Os factos mudam, a informação muda e consequentemento o conhecimento nunca é absoluto - ele é sempre relativo ao contexto e ao momento que se vive.

A sabedoria não tem prazo de validade. A sabedoria consiste em saber o que fazer com qualquer conhecimento. Como utilizá-lo de forma moderada, prudente e profícua. A sabedoria consiste em manter a serenidade face ao inesperado. Consiste em ter flexibilidade e compreender a relatividade absoluta do momento presente.

Demasiado abstracto?

Para auxiliar vou contar uma história que não é da minha autoria mas que achei muito apropriada.

Um dia dois discipulos pediram ao seu mestre que lhes explicasse a diferença entre conhecimento e sabedoria.

O mestre disse: " Amanhã de manhã coloquem 20 grãos de feijão nos sapatos, 10 grãos em cada pé e subam até ao ponto mais alto da montanha da aldeia".

No outro dia lá estavam eles. E enquanto um se queixava continuamente e chegou ao topo com o rosto marcado pela dor, o outro apresentava-se radiante.

Então ele virou-se para o seu companheiro e perguntou: "Como é que você conseguiu chegar aqui tão fresco e eu sofri um suplicío?"

E o outro respondeu: "Meu caro, ontem à noite eu cozi os 20 feijões"

Não confunda conhecimento com sabedoria.

Um ajuda a ganhar a vida e o outro constrói-a. Saibamos cozinhar os nossos feijões.