A importância de saber parar... e questionar...
Como já partilhei aqui algumas vezes, desde 2017 que eu me empenhei pessoalmente de uma forma mais consciente e focada em expandir a minha mente, apostar no meu auto desenvolvimento e isso teve como consequência também crescer mais espiritualmente.
À medida que fui lendo e estudando uma das coisas mais surpreendentes para mim foi ter tomado a consciência de que em sociedades ditas primitivas da antiguidade houve mais sabedoria que atualmente! Nessas civilizações houve mais reflexão e questionamento acerca dos grandes temas.
Isto parece impossível não é?! Temos mais tecnologia, temos mais informação, temos mais acesso à educação, temos mais debates na TV que chegam a largas audiências onde antes apenas alguns acessavam a informação e o conhecimento... Porém, a forma rápida com que tudo se processa atualmente cria uma sensação de superficialidade, de impermanência e também de insatisfação. Cria um vazio.
Como Bauman tão bem referiu, na modernidade líquida atual, as relações económicas foram sobrepostas às relações sociais e humanas e isso abriu caminho para uma maior fragilidade nos laços entre as pessoas e também entre as pessoas e as instituições. Com o consumismo as pessoas passaram a ser analisadas não pelo que elas são mas sim pelo que elas compram!
E a ideia da compra também entrou nas próprias relações sociais com as pessoas a comprarem afectos e atenção. Bauman chamou de amor líquido à relação pseudoamorosa da modernidade.
Para ele, grande parte das relações são assentes em conexões banais e casuais assentes na busca de prazer (sexo) ou de ostentação (tipo vejam só a pessoa com quem casei!). Quando antes se procurava a companhia amorosa e afectiva.
Neste contexto as próprias instituições estremecem pois passam a acompanhar as modas e o pensamento da época, perdendo o seu caracter estruturado e rigído. Para Bauman, na modernidade cada pessoa é uma instituição na medida em que é empreendedor de si mesmo, vende a sua força de trabalho e o emprego tornou-se um empreendimento puramente individual, logo, se não obtem sucesso a responsabilidade é sua.
Bauman tal como Michel Foucault, Gilles Deleuze, Guy Debord e Jean-François Lyiotard, foi considerado um estudioso da pós -modernidade, termo que ele recusou pois no seu entendimento não ocorrera uma cisão com a modernidade para que se podesse falar em pós-modernidade. Para ele apenas existia uma continuidade da modernidade para uma forma um pouco diferente.
Aliás, ele ficou mais conhecido como um crítico desta modernidade...
Haja quem pense e reflicta acerca destes importantes temas, numa sociedade onde todos parecem ir atrás uns dos outros sem qualquer auto-reflexão! Só porque é moda ou porque ouviram na TV ou leram nas redes sociais.
Quanto mais as pessoas andarem entretidas a trabalhar desenfreadamente ou a viajarem nas redes sociais e internet, menos tempo lhes sobra para de fato viverem! Para se conectarem consigo próprios. Para criarem laços com a família, amigos e comunidade onde vivem. Para lerem e estudarem ou simplesmente para nada fazerem - apenas para contemplar, meditar, descansar...
Essa falta de tempo e de espaço na vida individual é doentia para a sociedade e é por aí que somos controlados por forças políticas e grupos económicos. Perdemos a nossa liberdade. Abrimos mão do nosso livre-arbitrio. Habituamo-nos a sobreviver. Somos escravos da materialidade. Esquecemos a nossa origem divina. Afundamos na depressão e ansiedade.
Só existe uma saída. Olhar para dentro...