Páscoa - Renascer para a Vida
Aproveitemos este período de Páscoa para renascer para a Vida.
Na nossa curta incursão pela vida, vivemos diversas vidas ou fases...
A de criança, a de estudante, a de profissional, a amorosa, a de criar os filhos, e por fim, a terceira idade. Esta última, muito incompreendida e desajustada na sociedade atual onde se valoriza mais quem produz.
No meu caso pessoal ainda incluiria mais duas: a do despertar pessoal e a do despertar para o mundo em que vivemos. Qual delas a mais marcante... com momentos dolorosos e outros de puro êxtase.
A libertação faz-se pela superação do MEDO. O medo é o que nos escraviza e conduz a uma existência de ilusões ou a uma não-vida.
A verdadeira vida está lá fora!
Está para além da nossa zona de conforto, para além das crenças limitantes, para além dos limites e do conforto da nossa casa.
Quando confrontamos os nossos medos eles deixam de ter poder sobre nós. Resgatamos a nossa liberdade e criamos espaço na nossa mente para novas aprendizagens e novos desafios, mais expansão.
Quando eu era muito pequenina visitei com os meus pais e primos as grutas de Mira de Aire. Foi aí que descobri o meu receio pelos espaços fechados - claustrofobia. Os meus joelhos tremiam sem parar e um pavor enorme quase me paralisou. Um pânico. Pensei que era melhor nunca mais lá regressar...
Ficou dessa experiência a perfeita noção de que nunca passo muito bem em elevadores, metro, cinemas e salas de espectáculo. Nada muito notável pelas pessoas que me acompanham. É um terror interno que controlo com pranayamas, ou respiração consciente.
Eu nunca evitei essas situações (metro, elevador e afins), excepto as grutas. Talvez essa decisão de não evitar esses estímulos me tenha auxiliado a não escalar o medo. Assim, mantive o meu medo domesticado.
Ontem, tive uma ideia: regressar às grutas de Mira de Aire e confrontar a claustrofobia. Resolvi levar comigo a minha mãe de 86 anos e a minha sogra de 78 anos. Ambas andam meio deprimidas com esta fase da vida de idosas.
Confesso que no inicio a ansiedade estava no máximo, mal conseguia respirar, pior ainda com máscara... Acresce que fiquei preocupada se a minha mãe aguentaria o percurso pois tem inúmeros problemas de saúde. Vim depois a descobrir que com elas também houve desconforto inicial porque a sala onde passam o filme é muito quente e não é ventilada.
Mas lá fomos as três. E fizemos os 683 degraus do percurso! A cento e dez metros de profundidade na última parte!
Consegui relaxar e apreciar a viagem. Para isso contribuiu muito a simpatia do guia e a solidariedade de todo o grupo. Foi tudo muito espontâneo e nem foi preciso pedir nada. Fui atenta às minhas duas acompanhantes, especialmente a minha mãe, mas ambas foram muito corajosas e bem dispostas e isso deu-me alento para enfrentar os meus próprios receios.
Por fim, eu vim, aliás viemos, muito animadas e com mais entusiasmo pela vida. Ajudá-mo-nos mútuamente.
Não é fugindo dos nossos medos que nós os superamos ou crescemos. É enfrentando-os com coragem!
E é verdade que os idosos perdem a sua autonomia e mobilidade mas nós filhos temos o dever moral de lhes proporcionarmos momentos de vez em quando de passeio e disfrute da vida. Retirá-los da sua monotonia.
Hoje somos mais ou menos jovens mas amanhã podemos chegar a idosos e gostaríamos de nos sentirmos parte integrante da vida e não uns proscritos da mesma.
Seja quais forem os seus medos, enfrente-os sempre!
E milagres acontecerão!