O monge e o copo
Conta-se uma história sobre o monge budista Ajah Chah, que teria um certo apego a um copo específico, do qual ele gostava de beber. Sendo um dos ensinamentos do budismo o desapego, os seus alunos questionaram-no em relação a esse apreço a algo tão material quanto uma taça. O mestre respondeu:
É verdade, eu gosto deste copo. Gosto como ele contém o meu chá. Admiro a forma como o sol brilha através dele, sempre criando um arco-íris. É o meu copo favorito, mas eu não me apego a ele, porque para mim este copo já está partido. Eu sei que o meu tempo com ele é temporário e precioso. Então eu aproveito este copo enquanto ele dura, pois estou totalmente consciente de que eventualmente ele vai cair da prateleira ou ser derrubado e partirr. E quando isso acontecer, eu direi: “é claro”.
Quando pensamos na ideia de impermanência, é muito comum que caiamos numa perspectiva niilista de que “se tudo passa e acaba, então nada vale a pena”. A beleza desta história é a de mostrar que, ao entendermos que tudo passa, podemos ter a postura oposta, valorizando e aproveitando cada momento que temos.
Se pensarmos que as coisas que temos já estão quebradas, os empregos já perdidos, os relacionamentos terminados e as pessoas – inclusive nós mesmos – mortas, perceberemos cada momento em que isso ainda não aconteceu como precioso. E, quando as inevitáveis mudanças surgem, as veremos com naturalidade e serenidade.