Não altere a voz... melhore os argumentos
Esta frase é atribuída a Desmond Tutu (personagem política que liderou um comité que investigou os crimes do apartheid na Africa do Sul).
Existe uma tendência em elevar a voz quando tentamos defender uma ideia ou ponto de vista e sentimos que o nosso receptor ou receptores não nos estão a compreender ou divergem da nossa opinião. É o que vemos frequentemente nas discussões de política, futebol, religião. E também nas discussões com filhos, maridos ou esposas.
Este processo é muitas vezes inconsciente para a maioria das pessoas. Já outras pessoas tendem a perder o controlo com facilidade e sabem ter essa característica de elevação imendiata da voz, porém, ao invés de se tentarem corrigir, agem como se tivessem orgulho nisso, o que é uma pena.
A perda de controlo emocional e a alteração da voz impede na verdade a fluência comunicacional. Quem quer perder energia a discutir com alguém que se expressa aos gritos como se fosse detentor da verdade absoluta?
Por outro lado há também pessoas com muito para dizer mas que se inibem de o fazer por insegurança e timidez. É o caso do aluno que sabe a resposta à pergunta do professor mas evita responder e depois observa o sucesso de outro aluno que fornece a resposta que ele próprio sabia dar. Ou o jovem que tem um crush por uma moça mas por timidez não fala com ela e acaba por assistir a outro amigo convidá-la para sair... E depois surgem as somatizações físicas por se auto-silenciar como as enxaquecas, as gastrites e afins.
Mas hoje falamos dos que se descontrolam em discussões e reuniões.
Muitas vezes temos razão/fundamento nos nossos pontos de vista mas perdê-mo-la na forma como dizemos as coisas e no tom que utilizamos.
O pensamento que vos quero deixar neste domingo eleitoral e em plena pandemia, é este: da próxima oportunidade que tiver de dialogar com alguém, tome atenção ao tom com que comunica.
Não é por falar mais alto que terá mais razão. Respire fundo e tente buscar as palavras certas para comunicar com o outro e assim chegarem a um entendimento.
Por vezes é necessário negociar... E ter muita paciência e tolerância. Faça-o com sabedoria. Evite ser intransigente ao ponto de se autocondenar à solidão, mas também evite ser demasiado passivo condenando-se ao arrependimento do : "ah, se eu tivesse...".