Lição de humildade...
Na vida todos somos mestres e pupilos. E é incrível as lições que certas pessoas encerram dentro de si mesmas e que nos podem ensinar de forma sábia, carinhosa e despretenciosa.
Uma dessas lições tive o prazer de testemunhar com uma amiga cuja trajectória de crescimento tem sido impressionante e inspiradora.
E hoje tivemos uma conversa filosófica, daquelas que apenas podemos ter com um restrito número de pessoas, pois a maioria não entenderia.. não teria a abertura de espírito, e entraria em modo de julgamento...
Nesta conversa ela disse sabiamente que o nosso sofrimento advém do nosso apego a coisas, pessoas, ideias... e a na nossa falta de confiança e de fé! Se aprendermos a soltar, e a entregar a Deus ou ao divino aquilo que consideramos importante e que escapa ao nosso controlo, abdicando da nossa vontade de controlar as circunstâncias, as situações, as pessoas, confiando nos designios divinos...então conseguimos ser equilibradas, gratas e felizes mesmo quando coisas indesejáveis acontecem, mesmo quando rodeados de pessoas que não nos amam como gostaríamos! E então uma coisa maravilhosa ocorre: libertamo-nos dos nossos problemas ou eles diminuem de tamanho e de importância!
E este exercício de desapego terá sempre de ser feito em situações dolorosas como um divórcio, uma morte, um desemprego, uma falência.
Quando desistimos de coisas que teimosamente queremos que decorram como gostaríamos, tais como: a relação com o companheiro, com os filhos, com colegas ou chefias, o trabalho e passamos a relacionarmo-nos sem expectativas e a partir do caos existencial real (é o que é), e aceitamos que essa é a vida que temos, pois mesmo alterando aspectos não conseguimos interferir nas opções e ações dos outros e só podemos alterara mesmo a nossa parte... viramos o foco para nós próprios!
E surge espaço para equacionarmos: o que queremos na vida?
E entregamos aos outros a responsabilidade das próprias escolhas. Não estamos mais a tentar salvar ninguém. Mesmo filhos, amantes, pais...
Aceitamos que tudo terá uma razão, mesmo que no momento esta seja incompreensível por nós...
Soltamos...
Desistimos... Mas não no desalento desempoderado e impotente. E sim a partir de um espaço de aceitação dos maus eventos, sem vitimismo e com resignação por aspectos sob os quais esgotamos todas as tentativas e recursos. Entregamos então a Deus, não o Deus castigador e atromorfico. Mas ao Deus carinhoso e amoroso que zelará para que o melhor ocorra segundo o nosso grau de merecimento e de necessidade.
E ficamos perdidos num espaço de confusão... que é necessário e imprescindível para nos reencontramos.
Não tenha medo de estar perdido... logo, logo irá encontrar-se.