Allan Dias Castro -Trajetória
A dor que não contamos a ninguém
É a mesma que descontamos na vida
Não se pode curar uma ferida
Fingindo que está tudo bem
Quando o silêncio lhe faz de refém
Sua verdade fica presa no peito
Cicatrizes não são um defeito
E o alívio só pode chegar
Quando você parar de negar
A si mesmo ao dizer “eu me aceito”
Com traumas, vergonhas, mentiras, sorrisos sem alma,
Os fantasmas da ira. Deslizes, dilemas
Feridas mantidas abertas pelas algemas da hipocrisia
O passado que a gente adia nos visita todo dia
O passado que a gente adia nos visita todo dia
O passado que a gente adia, um dia chega.
Eu vi uma saída quando encarei a mim
Não espero que o outro me entenda
Nem tenho esperança de que alguém se arrependa
E se arrependimento matasse, não seria meu fim
Ao contrário, eu nasci de novo ao me aceitar assim
Quando parei de me manter em segredo
Abracei a coragem e o medo
Mais do que poder contar minha dor
Hoje eu conto comigo, enfim.
Sim. O passado que a gente abraça
Um dia passa
Aquele que consegue dizer
Eu me aceito
Está abraçando a sua história
Então, lembre que cicatriz não é defeito.
É trajetória.
TEXTO “Trajetória” - @allandiascastro
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#tbt duplo hoje. Primeiro em 2010, recém chegado ao Rio, desentalando os sentimentos da garganta através da poesia pelas primeiras vezes em público. Foto: @vogel_vitor
Segundo, em 2019, já dando voz ao verbo e aos sonhos durante uma participação na Bienal do Rio. Foto: @eelisabessa
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