A atenção aos extremos!
A história da humanidade já mostrou-nos, em eloquentes passagens, que um extremo tende a gerar como efeito o extremo oposto. Como um pêndulo que, em busca do equilíbrio, toca as extremidades até centrar-se numa posição de maior estabilidade.
Por vezes ao fugirmos de um extremo só nos "enterramos" noutro... igual ou pior!
Atenção, à formação das suas crenças. Atenção à tendência de desculpar as graves falhas dos que você apoia só porque está preso a crenças ideológicas, culturais, económicas, sociais, raciais ou outras quaisquer. Atenção ao fanatismo.
Os extremos tocam-se.
Para ilustrar: como nos referimos àquela pessoa que não mede esforços para conseguir o que quer? Tendemos a dizer que essa pessoa é determinada, persistente e focada. Contudo, se essas qualidades forem exageradas, elas terão efeito contrário: passaremos a rotular essa mesma pessoa como “teimosa”. Assim, concluímos que determinação em excesso é percebida como teimosia ou rigidez.
Outro exemplo: Se detesta a ditadura de Kim Jong-un no expectro da extrema esquerda, não vai gostar da ditadura de Mussolini, Hitler, Franco ou Salazar... As ditaduras de esquerda ou de direita fomentam regimes totalitários, opressores das liberdades individuais e colectivas e criam uma sociedade de desigualdades sociais, culturais, económicas...
Assiste-se atualmente um aumento da intolerância na sociedade global. Ataques, insinuações, difamações, mentiras, fake news. Xenofobia, homofobia, machismo, racismo, intolerância religiosa, divergências político-ideológicas. Esses são apenas alguns dos ingredientes de um caldo de gosto amargo e perigoso.
Também assistimos a um processo de desumanização das relações humanas, e a situação da pandemia covid 19, só veio aprofundar este fenómeno.
As consequências desse processo de desumanização das relações ainda estão no seu estado gestacional. E, mesmo neste estágio, percebe-se a criação de um cenário hostil, a preparação de um terreno fértil no qual brotam conflitos locais, nacionais e até transnacionais.
Alguns tópicos para reflexão :
1) Tenha atenção na escolha de pessoas que não estejam contaminadas com aquilo que queremos ouvir, e que sim sejam isentas nas suas opiniões e com posicionamentos sinceros. Por outro lado, precisamos cuidar do rigor na busca por referências, sendo cautelosos com padrões altamente exigentes o que pode levar-nos a sermos refratários, acreditando que as pessoas nunca serão suficientemente capazes de nos aconselhar e avaliar!
2) Esse rigor deve consistir em desenvolver um espírito crítico. Não acreditar em tudo o que vemos ou ouvimos nas redes sociais e nos media. Ter um critério de pesquisar informação em fontes fidedignas tais como: os livros de história, documentários, palestras de cientistas e de especialistas (historiadores, testemunhas dos fatos), falar com pessoas reais que estão nesses contextos (se forem contemporâneos), e porque não, observar diretamente, quando possível.
Há uma facilidade imensa atualmente de se produzirem conteúdos com aspecto absolutamente credível e que na realidade são ficção. Pior ainda: são mentiras, manipulações, difamações.
3) Além, da verificação das fontes e dos conteudos a que for exposto, dou uma outra sugestão, baseada na minha própria experiência pessoal, que é o critério da ressonância. Se aquilo que está a ver ou a ouvir não ressoa nos seus valores, na pessoa que é, no tipo de sociedade em que gostaria de viver... então verifique essa mensagem antes de a interiorizar como verdadeira.
Para finalizar: a melhor forma de se manter integro e equilibrado é investir no seu próprio autoconhecimento. Se se tornar numa pessoa mais reflexiva já não se deixará levar tanto pela sua impulsividade nem pela impulsividade dos outros. Etse exercício vai levá-lo a frear os impulsos que tendem aos extremismos, tal como aqueles que levam o pêndulo de um lado ao outro...