50 anos de 25 de abril mas... serão 50 anos de liberdade? Somos mesmo livres? Houve mesmo um progresso?
Sim, claro que houve progresso económico e social. Mais escolarização, menos mortalidade infantil, menos pobreza... mas basta dar um salto à vizinha Espanha para percebermos que estes vivem muito melhor que nós... tem melhores salários, melhor poder de compra, melhor acesso à saúde e a bens culturais...
Podemos ir mais longe... e porquê que não vamos? Será a corrupção, será a falta de visão política, será que o nosso modelo de organização social e económica deveria de ser revisto?
Há que pensar nestas desigualdades económicas e sociais com os outros países da União Europeia... Até a Roménia ultrapassou a nossa economia! Continuamos na cauda da Europa e isso deve ser reflectido e debatido pois é uma promessa de Abril que ainda falta cumprir!
E não, não somos tão livres assim. Quero dizer, somos muito mais livres do que antes do 25 de abril, sem dúvida alguma, mas continuamos prisioneiros... Prisioneiros de uma vida distópica. Trabalhamos para pagar dívidas, somos escravos da dívida, do estado e dos bancos e das grandes corporações que nos subtraem mensalmente grande fatia de rendimentos.
Já viu que quando as acabarmos de pagar as nossas dívidas estaremos velhos e doentes e deixámos para trás os nossos melhores anos?
E não é um sacrilégio dizer isto precisamente hoje que se celebra o 25 de abril! Afinal, tudo isto não aconteceu para podermos ser livres na expressão das nossas opiniões? Para acedermos a uma vivência melhor?
Porquê que desde a situação do covid, há 4 anos atrás, as pessoas se radicalizaram tanto a pontos de não ser possível um saudável debate de ideias sem terminar em discussão ou acusações?!
Tenho saudade disso, sabem?!
E devíamos de reflectir acerca desta inflexibilidade que emergiu pois é preocupante... a liberdade não é os outros dizerem o que eu penso! A liberdade deve ser a aceitação da pluralidade de opiniões, em respeito e tranquilidade. Saber discutir ideias sem atacar, etiquetar ou gozar com o outro.
Comunicar é saber estabelecer pontes e não ser maldoso ou armar-se em intelectualmente superior.
Celebrar o 25 de abril, não deve ser apenas olhar o passado. Mas olhar também ao momento presente com olhos críticos e com vista no futuro. O passado já foi, o presente tem outros desafios, e a forma como os abordarmos ditará o nosso futuro.