Atravessamos um período onde se questiona a pertinência dos apoios sociais. Onde se criticam: as verbas investidas, a subsidiodependência, as medidas aplicadas e como são aplicadas...

Ora, todas as sociedades tem grupos de pessoas excluídas e fragilizadas (por desemprego, doença, deficiência adquirida, idade) que se debatem com a sua subsistência diáriamente. Isto é um fato.

Devemos remeter estas situações que necessitam de acompanhamento apenas para as redes de apoio informal? Serão estas por si só capazes de assegurar as principais necessidades destas pessoas? Deverão existir respostas formais? Que respostas? Que custos e que benefícios das respostas formais?

A reflexão impõe-se! Não devemos continuar a perpetuar um sistema já gasto e com muitas inoperâncias e fragilidades. Mas devemos ter presente que sem a solidariedade, a cooperação e a ajuda mútua o nosso futuro coletivo estará condenado ao fracasso.

Vários estudos na área do apoio a idosos, a doentes mentais, a doentes oncológicos e a pessoas institucionalizadas (como deficientes e jovens em risco) demonstraram quão importante é a existência de um suporte social no sentimento de pertença, de integração e na luta contra o isolamento. E também na prevenção da ansiedade, da depressão e de outras doenças mentais. Já para não falar de questões concretas de dificuldades económicas.

Genéricamente podemos definir de apoio social como: a existência de pessoas que se preocupam connosco e que nos valorizam e gostam de nós.

O suporte social tem um conteudo emocional, instrumental, informacional e avaliativo.

Emocional porque requer aspectos de confiança, empatia, amor e disponibilidade para ouvir e aceitar alguém que está a passar por dificuldades. Favorece a redução da depressão e da ansiedade incrementando a autoestima.

Instrumental ou seja relacionado com aspectos mais práticos como: emprestar dinheiro, ajudar em tarefas domésticas, assegurar transporte. Favorece assim a resolução de problemas práticos do dia-a-dia.

Informacional - favorecer conhecimentos, informação e conselhos que permitam desenvolver estratégias para enfrentar dificuldades.

Avaliativo- fornece feedback ao individuo. Auxilia a estabelecer comparações favoráveis e potencia a aceitação de sentimentos.

Esse apoio social pode estar onde?

Nos familiares, vizinhos, pais, professores, conjuge, colegas de trabalho, amigos, entre outros... Estes exemplos integram as respostas sociais informais.

Existe ainda o suporte formal de organismos governamentais (segurança social, centro de emprego, hospitais) e de organismos não governamentais (ONG´s, IPSS, associações). E ainda o apoio formal prestado por determinados grupos profissionais: assistentes sociais, psicólogos, médicos.

Que benefícios do apoio social?

O suporte social influi directamente sobre a saúde mental, melhorando significativamente os efeitos do stress, desordens emotivas e perturbações psicológicas, dando-se particular enfoque na generalidade dos estudos que analisam o papel desempenhado pelas redes sociais de apoio, à importância que as redes informais desempenham na promoção do bem-estar de alguns grupos de pessoas (idosos, deficientes, doentes).
Ao nível da relação entre suporte social e doença física, abrangendo designadamente, doenças crónicas, como: neoplastia, patologia cardíaca, acidente vascular cerebral e HIV, existe igualmente consenso nos efeitos benéficos que o suporte social e as redes sociais de apoio desempenham junto da população.

Concluo esta reflexão referindo que é essencial assegurar que o apoio social permaneça na sociedade do futuro, porém, implementado de uma maneira equitativa, justa, transparente e sem alimentar dependência do sistema.