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O Despertar da Mente

O Despertar da Mente

Como descobrir o seu propósito de vida?

EU SOU EU SOU, 28.02.21

Descobrir o seu propósito de vida é meio caminho andado para uma existência mais feliz e saudável! Andar contrariado, stressado e infeliz, pelo contrário é caminho para a doença e para uma esperança de vida menor.

Qualquer pessoa consciente e empenhada em construir uma vida construtiva e auto-realizada deverá saber qual é o seu propósito de vida. Ahhhh, mas isso dá trabalho! Pois dá! Mas se não estiver disposto a olhar verdadeiramente para dentro de si mesmo arrisca-se a viver em frustração. Resume-se tudo a uma questão de opção. Ou opta por se acomodar e "fazer como os outros" ou opta por se auto-conhecer melhor e encontrar formas de se realizar.

Ou é vítima ou é agente de mudança e co-criador da sua própria vida.

O que observei em grande parte da minha vida é que a maioria das pessoas sabe melhor identificar o que não quer para si, do que aquilo que realmente deseja co-criar na sua prória vida. Lembre-se: nós atraímos o que pensamos e sentimos. E se focarmos aquilo que é negativo, atrairemos mais motivos para sentirmos negatividade.

Todos os caminhos servem se não sabemos para onde queremos ir, porém, se soubermos o que queremos para nós, o tipo de vida que queremos construir, o tipo de pessoas que queremos ao nosso redor e o legado que queremos deixar... então tudo o que nos rodeia se adequará a nós...

Há pessoas que sabem o que querem ser desde a infância, mas a maioria de nós não sabia o que queria. Então o que fazer? 

E ainda há pessoas que só querem ser ou fazer uma coisa específica. E há outras com diversos talentos e com dificuldade em focarem um só e explorarem e alcançarem sucesso por se dispersarem tanto. Já outros só conseguem alcançar a autorealização na diversidade.

O propósito de vida não é igual para todos. Não temos de seguir as modas ou os outros. Apenas devemos ser verdadeiros com o que sentimos dentro de nós.

Podemos dizer que a descoberta do nosso propósito de vida passa por responder a estas questões

- O que ama fazer nesta vida?

- O que acha que o mundo necessita?

- O que acha que é bom a fazer?

- O que acha que pode ser pago para fazer?

E depois escolher ou gerar oportunidades alinhadas com isto!

É isso que tem feito? 

Tem procurado oportunidades a pensar em si? No que gosta de fazer? No que é bom a fazer? No que é necessário para o mundo?

Ao responder honestamente e reflectidamente a estas questões, as quais se desdobram em muitas mais, como tive a oportunidade de vivenciar no meu curso de coaching, você encontrará o seu propósito de vida.

Redifinirá prioridades.

Aprenderá a tomar decisões diferentes. Decisões alinhadas com a sua missão e propósito de vida e não com aquilo que acha que os outros querem ou com aquilo que você pensa que querem...

Já reparou que nesta mandala onde se cruzam estas quatro questões importantes, se forma uma flor que no centro tem a palavra: legado, ou seja, aquilo que vamos deixar ao mundo através da nossa passagem por cá.

E reparou que algumas dessas pétalas, na parte interior, não tem nada escrito?

Mas o facto de não terem nada escrito, significa algo...significa por exemplo que faltará algo...

É sobre isso mesmo que iremos falar no próximo post. Até lá, reflicta um pouco acerca destas questões... Com carinho, compreensão e tolerância com os seus erros e más decisões. Fazem parte do seu crescimento.

 

Boa semana!

Onde colocou o sal?

EU SOU EU SOU, 25.02.21

21/30 - Copo ou Lago? - YouTube

 

Um velho Mestre pediu a um jovem aprendiz que estava triste, que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.

-‘Qual é o gosto?’ – perguntou o Mestre.

-‘Mauuuu’ – disse o aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e fosse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio e o jovem deitou o sal no lago. Então o velho disse:

-‘Beba um pouco dessa água do lago’. Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:

-‘Qual é o gosto?’

-‘Bom!’ disse o rapaz.

-‘Você sente o gosto do sal?’ perguntou o Mestre.

-‘Não’ disse o jovem.

O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou nas suas mãos e disse:

-‘A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta.

É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras:

É deixar de Ser copo, para tornar-se um Lago.’


Criança Interior

EU SOU EU SOU, 21.02.21

"Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa" (Jung, O Desenvolvimento da Personalidade, p. 175)

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Nenhuma meta será alcançada de verdade ou profundamente e de uma forma gratificante se você não se conectar com o seu interior... Onde habita a sua criança interna e eterna.

Nunca alcançará verdadeira prosperidade, paz, amor, alegria ou autorealização... Se você não conseguir conectar-se com essa criança que habita dentro de si. Isto é um fato, não é uma especulação!

Não o estou a convidar a ser criança no corpo de um adulto, ou seja, a infantilizar-se. Estou sim a convidá-lo a conectar-se com a sua essência de criança. O eu infantil é espontâneo, criativo, brincalhão, sensível, reativo emocional e fisicamente, e cheio de prazer, deslumbramento e amor. Abrace esse lado seu.

Raros são aqueles que passam pela infância sem sofrimento seja ele físico ou emocional. Não é necessário imaginar traumas graves. Basta um simples não ou as crenças limitantes passadas pelos nossos pais para nos criarem receios e medos.

Carl Jung e Freud referem que a criança que um dia fomos dos 0-7 anos continua a viver dentro do nosso subconsciente. Essa criança guarda todas as memórias desse período, sejam elas positivas (afecto, pertença, proteção) ou negativas (reprimendas, decepções, mágoas, tristezas, crenças limitadoras). Como erámos pequenos não tinhamos a capacidade de compreender esses sentimentos. E acabamos por criar bloqueios que nos limitam na vida adulta a alcançar um nível mais elevado de autorealização em diversas esferas da nossa vida.

Essas feridas emocionais clamam por cura! Se escolher ignorá-las certamente que andará em circulos na sua vida... Sem sair do mesmo lugar e reproduzindo erros...

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Vimos como é importante ligarmo-nos com o nosso interior...

Então, como o fazer?

- fazer psicoterapia com um terapeuta qualificado. A psicoterapia é um processo lento (pois há um cuidado no avançar de situações que podem ter sido vividas de modo traumático);

- Meditações da criança interior (há imensas no Youtube mas recomendo as de Louise Hay e do ho'oponopono);

- ver fotografias da sua infância, ouvir músicas que ouvia, comer comidas que apreciava;

- exercícios de visualização - visualizar-se junto à sua criança interior e imaginar um diálogo com ela onde lhe transmite a sabedoria do seu EU adulto atual ajudando-a a processar eventos mais dolorosos com muito amor, compaixão e tolerância - será melhor e mais profundo se tiver um acompanhamento de um terapeuta;

- hipnose - pode ser um método rápido de reconexão interna e de apaziguamento de feridas emocionais. Porém, nem todas as pessoas podem recorrer a esta técnica;

- Mirror work - uma técnica desenvolvida por Louise Hay e que consiste em meditações, reflexões, exercícios e afirmações positivas que conduzem a uma maior reconexão interna, durante 21 dias. Já vou na segunda vez de repetição do desafio!

O trabalho da criança interior é um trabalho sem fim. Será necessário fazê-lo por toda a sua vida. Pois ninguém é uma obra acabada, e ao conhecer-se melhor, estará sempre a descobrir novas facetas em si que necessitam de ser "trabalhadas", melhoradas... Não que algo esteja de errado consigo, mas sim porque existe sempre espaço para nos expandirmos no nosso SER.

 

Deixo-vos com uma canção alusiva ao tema. Bom domingo e excelente semana!

 

 

Ter esperança...

EU SOU EU SOU, 17.02.21

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Logo, logo tudo isto vai passar...
 
Por enquanto, o momento é ideal para viver e ver o mundo sob uma outra perspectiva.🙏🏼🙂  Sem medos excessivos, sem paranóias...
 
Olhe também para dentro de si. Descanse. Reflicta. Redefina prioridades.
 
Antes, os dias eram muito corridos no trabalho e na escola... na vida... E agora?
 
Que tal explorar um talento novo, voltar a desenhar, a dançar, a praticar ioga ou meditação, uma nova receita de bolo ou tocar um instrumento como nos tempos de escola? 
 
Faça isso com quem compartilha este momento consigo.
 
Não adianta isolar-se para estar vivo se você não viver, de fato...
 
A grande verdade é que só vivemos e temos qualidade de vida quando nos relacionamos com pessoas e compartilhamos momentos...
 
Isto vai passar... Tudo vai passar.

 

O nosso lado sombra...

EU SOU EU SOU, 14.02.21

“O que não trazemos à consciência aparece nas nossas vidas

como um destino”.

(Carl Jung)

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Vivemos uma época de despertar e de ganhar consciência. Muitos de nós já iniciaram essa jornada há uns tempos, outros mais recentemente e outros longe disto tudo, ou pelo menos assim o pensam...

Não basta mudar de trabalho… não basta mudar a alimentação… não basta meditar… não basta ler aquele livro ou frequentar aquele Workshop… Tudo isso é bem-vindo, benéfico e saudável, claro…especialmente se realizado em conjunto. Mas a verdadeira mudança, essa, é de dentro para fora.

Esse caminho é muitas vezes doloroso de se fazer e díficil, mesmo para os mais ousados e corajosos. Porque não é fácil reconhecermos e aceitarmos quem somos na totalidade - no positivo e no negativo.

Muitas vezes nesse caminho de autoconhecimento encontramos emoções e desafios que não estávamos à espera... Ignorar isso é fugir do caminho e da verdade. Olhar para dentro significa reconhecer, aceitar e depois tentar transformar aquela parte de nós que nos bloqueia, limita e assusta...e que não gostamos...

Devemos assumir o TODO que somos, mesmo o nosso lado sombra que tantas vezes qualificamos de frágil, de mau, de doentio...

Lembre-se que só existe sombra porque existe Luz. E se não aceitarmos a nossa sombra não estamos preparados também para aceitar a nossa própria Luz. Com efeito, abraçar o nosso lado sombra permite-nos alcançar níveis de autorealização e de felicidade mais elevados.

O processo de desenvolvimento pessoal é um caminho de crescimento e de aprendizagem. E todos somos mestres e discípulos - ninguém nasce guru!

Abrace o seu lado sombra com AMOR pois a Luz está e sempre esteve lá.

Seja compreensivo para as sombras alheias. Cada um está no seu próprio processo evolutivo.

 

Agora um texto mais científico acerca deste tema que achei interessante partilhar aqui convosco do site https://isiinfinity.com.br/.

Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), o lado sombra, também chamado do “lado obscuro ou negro” é aquela parte do inconsciente que desprezamos, escondemos ou rejeitamos.  A sombra é tudo o que foi negado, reprimido ou ainda permanece desconhecido pelo indivíduo e está recalcado —ou seja, reprimido — no seu inconsciente, o que também torna a sua definição ligada aos estudos do psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939).

De um modo mais simples, podemos definir a sombra como aquele lado da personalidade que acolhe instintos que insistimos em controlar, como a raiva, o ódio e a inveja, a vingança entre outros. "Todos nós temos em nosso inconsciente o bem e o mal, mas conhecemos a essa face sombria quando começamos a tornar consciente aspectos que consideramos 'maus' ou 'errados', seja por questões educacionais, culturais ou sociais. A sombra é um 'eu escondido' cujas manifestações são rejeitadas por nós a todo o tempo".

A grande maioria de nós é cega em relação à sua existência. Escondemos as nossas características negativas, não apenas dos outros, mas de nós mesmos. 

Esse é o lado sombrio da nossa personalidade. Em suma, é o que preferiríamos não ser.

A sombra é frequentemente projetada noutra pessoa. Para fazer isso nós criticamo-las ou condenamo-las para garantir que o foco não recaia sobre nossos próprios defeitos ou tendências destrutivas.

Com efeito, vivemos a vida com um falso ar de superioridade moral. Acreditamos que, enquanto as outras pessoas agem de maneira imoral e destrutiva, nós somos virtuosos e estamos sempre certos.

O nascimento da Sombra

O nascimento da nossa sombra ocorreu quando éramos pequenos. Quando o nosso pensamento lógico ainda não era desenvolvido e, de alguma forma, entendíamos que de havia algo errado conosco.

Toda vez que recebemos uma crítica ou punição insensata, inconscientemente separamo-nos do nosso “eu verdadeiro” para assegurar nossa sobrevivência emocional. Assim, nascia a nossa sombra.

A sombra fica à espreita, esconde-se e engana.

Mas podemos identificá-la por meio do nosso comportamento em determinadas situações desmedidas, em que parece que estamos fora de nós. É quando não conseguimos mais controlá-las.  

– E qual têm sido suas reações diante das situações na área pessoal e profissional?

– Quando está em grupo, como você reage se alguém diz que alcançou resultados surpreendentes? Sente inveja, ciúmes, raiva?

São nesses momentos que reconhecemos nosso lado obscuro que podem se manifestar de duas formas:

a) Forma positiva:  a pessoa fica hipersensível, facilmente apaixonada, possessiva, obcecada, excessivamente atraída ou talvez se torne uma idealização contínua que estrutura as suas motivações ou a sua disposição.

b) Forma negativa: reações reativas, agressivas, invejosas, mesquinhas, raivosas.

É necessário compreendermos esse lado obscuro principalmente porque mantê-lo requer um esforço pesado. É preciso muita energia para esconder constantemente de nós mesmos os nossos aspectos indesejáveis.

Muitas vezes não queremos ver nossa sombra, mas gostemos ou não, a escolha é nossa.

Como trabalhar o Lado Sombra

Para evitar ser vítima da nossa própria sombra, devemos tornar-nos conscientes das nossas características sombrias e integrá-las à  nossa consciência.

Podemos acolhê-las e compreendê-las não como aspectos desprezíveis ​​do nosso ser, mas como partes necessárias e vitais dele.

Assim, podemos ser os donos da nossa sombra, trabalhando para nos tornarmos conscientes dos nossos impulsos, sentimentos, necessidades e potenciais inconscientes e reprimidos. Bem como para sermos capazes de fazermos escolhas livres e conscientes na vida.

Ou podemos deixar que ela seja nossa dona, ou seja, os nossos impulsos e sentimentos rejeitados moldarão o desenrolar de nossa existência e identidade.

Quando entramos em contato com a nossa sombra libertamos a energia reprimida e utilizamo-la para o nosso próprio crescimento.

Por conseguinte, podemos trabalhar com a nossa dinâmica psicológica interior, observando quais as áreas da nossa vida que ela influencia e aprendendo a lidar com elas. 

Para trabalhar com o nosso lado sombra, podemos usar da psicoterapia de uma forma mais profunda e no coaching ou mentoring de uma forma mais leve, expandindo a autoconsciência e abrindo novas opções do mundo exterior.

Sobretudo, devemos tornar a nossa sombra mais clara possível, trazendo à consciência os nossos sentimentos, impulsos, necessidades, capacidades que foram reprimidos durante a vida. 

 

Para Carl Jung tinhamos que promover uma negociação com o nosso lado sombra para permitirmos que a mesma viva no nosso consciente ao invés de a reprimirmos para o nosso inconsciente.

A sombra é mesmo a porta de entrada para o nosso SER e muitos receiam e não ousam descer às suas profundezas. E no entanto, é isto mesmo que  devemos fazer se queremos tornar-mo-nos em quem somos de verdade.

Como as fases da lua...

EU SOU EU SOU, 10.02.21

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Isto aplica-se aos momentos menos bons, como os que atualmente passamos colectivamente... e também se aplica aos momentos que classificamos de bons.

Se interiorizarmos isto verdadeiramente, teremos muito mais resiliência para enfrentar os momentos desafiantes e maior serenidade nos momentos felizes.

A nossa vontade de controlar os acontecimentos e as pessoas é que estraga tudo...

Tudo acontece a um ritmo muito mais rápido do que a nossa capacidade de assimilar. É por isso que não é estranho que uma das fantasias recorrentes seja precisamente a de querer controlar tudo. No fundo há um desejo de pisar em terreno sólido, para sentirmos que temos o leme da nossa própria vida.

O problema é que nem sempre percebemos que controlar tudo é uma fantasia. Nós só descobri-mo-nos quando perdemos o controle, e é isso que nos frustra.

Tudo está em movimento e existem centenas de fatores além do nosso controle. O que está vivo muda constantemente. Hoje avistamos um caminho e amanhã outro. A única coisa da qual temos certeza absoluta é a morte. A vida, por outro lado, desenrola-se entre incertezas e fluxos inesperados.

A fantasia de querer controlar tudo

Nós não estamos mais nos tempos em que era possível viver de forma pacífica. Somos constantemente bombardeados por centenas de estímulos. Você levanta-se e vêm à sua cabeça muitas ideias e sentimentos que se atropelam entre si. 

Sentimos que há muito a fazer e pouco tempo para isso.

Todos os dias também enfrentamos sentimentos e emoções contraditórios. Às vezes temos que forçar-mo-nos para redirecioná-los, mesmo sem ter aprendido a compreendê-los. Simplesmente temos que funcionar. E para isso é necessário impor limites a nós mesmos e ao que estamos dispostos a tolerar.

Reprimimos e negamos logo os pensamentos ou as emoções incomodas que nos impedem de produzir, alcançar, agir... Abandonamos esses pesnsamentos sem reflexão e sem interiorização. Colocamos as coisas debaixo do "tapete".... até ao dia em que rebenta!

Muitas vezes acabamos a lutar contra nós mesmos. O nosso pensamento coloca um conteúdo lá e então esforçamo-nos para erradicá-lo. Nós não tentamos entender, mas sim tirá-lo da consciência o mais rápido possível. Sentimos, por exemplo, um acesso à ansiedade e imediatamente tentamos remover a inquietação para fazê-la desaparecer. Talvez se adotássemos uma posição de aceitação e de observação, poderia ser diferente.

Se aprendermos a perceber-mo-nos a nós mesmos, sem julgar, sem pensar, mas simplesmente a contemplar…

Sem querer controlar tudo, mas permitindo que as coisas fluam, tanto interna quanto externamente.

Esse é o caminho que nos leva de volta a experimentar a vida de uma maneira mais genuína. Sem apreensões. De tudo isso surge uma nova forma de compreensão, que não se expressa como aprendizagem intelectual, mas sim vital.

Uma forma mais elevada de consciência que leva ao equilíbrio.

 

 

 

De Olhos Fixos no Sol

EU SOU EU SOU, 07.02.21

Todos enfrentamos o mesmo terror, a ferida da mortalidade, a minhoca que habita no coração da existência.

Irvin D. Yalom

 

cover image of De Olhos Fixos no Sol

Um livro que me custou imenso ler... E no entanto, um livro que me ensinou muitíssimo e que me ajudou a encerrar um luto e a encarar a existência de outra forma. Li-o após perder o meu pai.

Alerto que até à página 58 o livro pode ser muito deconfortável...

E porquê que este livro pode ser tão perturbador para algumas sensibilidades?

1.º Porque é um livro sobre a morte... Aquele grande tabu da humanidade e porventura o nosso maior medo: encarar a nossa própria mortalidade e a de todos os que nos rodeiam e amamos;

2.º Porque o autor é psiquiatra e o livro tem muitas histórias dos seus pacientes, usadas para ilustrar alguns pontos de vista. E isso torna-o terrívelmente pessoal. Sabemos que não é uma ficção. São histórias reais de angustias, medos, culpas que povoam a mente humana e acabamos por nos espelharmos nelas.

3.º Porque o autor, tal como eu, é existencialista, isto é, considera que a nossa existência será sempre assombrada pelo facto de sabermos que iremos crescer, florescer, e inevitávelmente, murchar e morrer. E assim, tem um enfoque de procurar entender o sentido da vida e da morte - pois são face da mesma moeda.

4.º O autor não é nem religioso nem espiritual, o que torna a sua abordagem deste tema particularmente interessante, despojada de crenças... Acaba por satisfazer muitas das dúvidas dos ateus, agnósticos e também (espante-se) dos espiritualistas! 

Algumas passagens interessantes deste livro:

- Referindo-se a Heidegger refere que podemos assumir dois modos de existência: o ontológico e o comum. No ontológico o enfoque está no SER em si mesmo e maravilhamo-nos com o facto de sermos e que as coisas sejam. No comum estamos maravilhados pela forma como as coisas  são no mundo. O exemplo que dá é a sua experiência com doentes oncológicos e como estes ao enfrentarem a morte passavam a viver como se cada dia fosse o último, fazendo o que gostavam , alterando prioridades, comunicando mais com quem amavam, valorizando mais as estações, a natureza e diminuindo o medo pela própria morte - passam a viver no estado ontológico.

- Refere que a ansiedade pela morte é maior quanto menos vivida for uma vida.

- A morte como sendo o NADA (sem céu, paraíso, mundo espiritual ou o quer que seja). Refere que tem pessoas que temem o NADA e já outras temem a VIDA ETERNA representada pelas religiões e sendo precedida por um terrível julgamento.

Para os que tem medo do NADA ( eu pessoalmente tinha), parafraseia Epicuro: Porquê temer a morte quando nunca teremos consciência dela? Porque estamos mortos, não sabemos que estamos mortos, e, nesse caso, de que temos receio?

Fala também do efeito rippling. Ter uma vida com propósito e deixar um legado é uma forma de perpetuarmos a nossa própria existência. Um legado não precisa de ser material, pode ser imaterial (livros, amigos, uma causa que criou ou apoiou, legado artístico).

Em relação aos que temem a VIDA ETERNA, sugere que se foquem  antes na sua vida presente neste mundo, a única que deve de ser plenamente vivida  e na qual está a traçar as traves-mestras que o sustentam, dependendo únicamente de si mudar o que não lhe agrada.

- Um ideia extraordinária é a de que a qualidade da nossa vida é determinada pela forma como interpretamos as nossas experiências , e não pelas experiências em si - uma doutrina que veio dos estóicos, a Zeno, Séneca, maro Aurélio, Espinoza, Schopenauer e Nietzche, bem como a teoria cognitivo-comportamental.

- A conectividade, as relações que se estabelece são o maior presente que se pode dar a qualquer pessoa que enfrente a morte

- Realizar o seu potencial  como ser humano reduz a ansiedade de morte. Logo, evite adiar sonhos, projectos.

-  Refere que  a nossa vida não está escrita ou predefinida e cabe a cada um de nós procurar uma existência com maior propósito, significado e ser feliz.

Maravilhoso, não concordam?

Se tiverem interesse pelo tema, não deixem de ler este livro riquíssimo que além destes aspectos que destaquei tem muitas outras reflexões interessantes.

Boa semana!

 

A procura do caminho certo...

EU SOU EU SOU, 03.02.21

Há uns largos tempos que não trazia aqui um conto...

Sabe que as abelhas orientam-se pela posição do sol?

Pensei nisso um dia enquanto estava sentado na nossa barraca, uma noite, a observar uma abelha presa que tentava voltar à sua colmeia da única maneira que sabia. Mas estava escuro lá fora; a luz mais brilhante que a abelha podia ver era a da nossa lanterna. 

Ela ficou  a zumbir no alto da barraca voando várias vezes em direção à nossa luz que estava pendurada - às vezes, colidindo com ela, às vezes, desviando-se no último segundo. Talvez, a abelha  estivesse a confundir a luz  da lanterna com o sol, a qual a teria ajudado a encontrar o caminho de volta para a colmeia.

É fácil assistir a essa cena e pensar: O que aquela abelha está  a fazer? Ou, essa é a luz errada!

Mas, quantas vezes, nós, humanos, seguimos a primeira luz que vemos - algo que nos faz sentir seguros ou novamente no controle. 

(in: Palestrante)

Dá que pensar, não dá?

Lembre-se que nem tudo o que brilha é ouro...

Pense, analise, reflicta, pesquise... Não aceite tudo passivamente!