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O Despertar da Mente

O Despertar da Mente

Os amigos que são uma prenda

EU SOU EU SOU, 30.04.20

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Para se ter e para se ser amigo em plenitude, temos primeiro de sermos amigos de nós próprios. Ninguém dá aquilo que não tem.

Muitas pessoas fazem amizades facilmente e outras nem por isso... Tem a ver com competências de sociabilidade, estilo de vida, local de residência, auto confiança...

Ter muitos amigos não significa que terá amizades profundas e gratificantes pois a quantidade não é o critério a valorizar. Mas se tem muitos e bons amigos considere-se um afortunado!

Hoje tive a breve visita de uma amiga, e soube mesmo bem!

E é só! Creio que a imagem partilhada no inicio se diz muito...

 

Sem "ismos" para mim...

EU SOU EU SOU, 29.04.20

 

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Sempre que consideramos algo como uma verdade absoluta, fanatizamo-nos. Deixamos de estar abertos a outras opiniões e pontos de vista. Não admitimos críticas. Temos a necessidade de ripostar e de provar que só o nosso ponto de vista está certo. Deixamos de ouvir os outros.

Isto acontece com o futebol, com a religião, com a política, com a ciência, com os movimentos ambientalistas, com a alimentação... Com qualquer coisa, na verdade!

Onde pára o limite?

Faz sentido termos os nossos próprios valores e crenças positivas e preferirmos opiniões, pessoas, e atividades que se adequem a estes. O problema só surge quando aquilo em que acreditamos se torna num "evangelho" e passamos a rejeitar tudo o que não se encaixa naquilo que acreditamos...

Quando falo de outros contributos falo apenas dos que são válidos e não no criticismo sem qualquer fundamento ou ainda pior em valores de desunião, de conflito e se desrespeito pela dignidade e pela vida humana e pelo planeta.

Prefira SER ao CONHECIMENTO. O conhecimento é sempre informação processada por alguém. Não é a REALIDADE em si. Sempre que opta pelo conhecimento incorre numa probabilidade elevada se se tornar extremista.

Já o SER é onde reside a sua parte mais autêntica. Você sabe perfeitamente dentro de si se algo faz sentido ou não. Deixe-se guiar por essa parte, sem a necessidade de se justificar.

O equilibrio está em si e não fora de si.

Parece tão simples. E é!

Parece tão fácil. Mas não é!

No entanto, é possível...

 

 

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A força que atribuímos às palavras

EU SOU EU SOU, 28.04.20

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Certo dia, um caçador perdeu-se na floresta. Às tantas  chegou frente a uma propriedade privada, mas teve medo de entrar pois no portão havia uma placa que dizia: CUIDADO COM OS CÃES PERIGOSOS.  Porém, como estava a cair a noite  e a floresta estava cheia de animais selvagens decidiu que era melhor enfrentar os cães do que ser comido por animais selvagens.

Apesar de exausto alimentava a esperança de que se havia cães deveria existir alguém - o dono dos cães, o dono da terra, o homem que tinha colocado aquelas placas.

Entrou a medo e pensou que não tinha mesmo alternativa. Andou uns metros e encontrou outra placa ainda maior: CUIDADO COM OS CÃES PERIGOSOS. Sentiu um aperto no coração mas não podia voltar atrás. Tinha de continuar.

Foi então que chegou a um local onde viu um pequeno cão. Mesmo muito pequeno diante da casa de campo do proprietário. O cão era tão pequeno que podia ser agarrado pelas patas e atirado uns noventa metros.

O caçador estava muito intrigado! Foi então que apareceu o dono à porta, por isso ele perguntou-lhe:

- Onde estão os cães grandes e perigosos?

- Em lado algum - disse ele.- Este é o meu único cão.

- Esse cão consegue impedir que as pessoas entrem? - perguntou o caçador.

- Não, mas as placas conseguem - respondeu o  homem. - O senhor foi a primeira pessoa que entrou aqui em muitos anos. Mesmo que não haja qualquer cão, aquelas placas chegam.

Adaptado de Osho -  Inocência, Conhecimento e deslumbramento.

Incrível a importância que damos às palavras...

Eu gosto de observar ações...

Mais do que as palavras...

EU SOU EU SOU, 27.04.20

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Mais do que falar, o silêncio.

Mais do que ouvir palavras, observar ações.

Há alturas em que é melhor falar. Outras em que o silêncio vale ouro. Na realidade o silêncio é mais sábio do que quaiquer palavras...

As palavras e a linguagem são muito limitadas. Estudiosos referem que se perde conteudo entre o pensamento que o emissor cria na sua mente, aquilo que este expressa através da linguagem e aquilo que o receptor ouve, vê ou lê e a sua compreensão da mensagem.

Há muitos filtros que distorcem a mensagem quer da parte do emissor como do receptor. Valores, crenças, hábitos, atitudes, memórias... Tudo isso nós projectamos no que falamos e também naquilo que vemos e ouvimos. E o que é mais grave é que este processo está inconsciente na nossa mente...

A observação pode ser uma ferramenta muito mais fidedigna do comportamento humano. As palavras podem ser ilusórias, mas a linguagem não verbal revela muita informação "oculta" acerca do emissor. Todos nós traímo-nos na linguagem não verbal mesmo as pessoas muito articuladas verbalmente... 

Por isso, nos últimos anos terem surgido mais estudos nesta matéria.

É assim, que chegamos a esta belíssima frase que consta do livro "O Mirdad" e que coloquei na imagem do post de hoje.

Se não a leu bem, volte atrás e volte a lê-la. Ela oferece-nos duas pistas muito sábias:

- 1.º A ver com os próprios olhos se quiserdes ver correctamente. Isto quer dizer evitar ver com os olhos das outras pessoas. Evitar ser manietado pelas outras pessoas. E também pelos tais filtros que nos condicionam. Ter a coragem de pensar pela própria cabeça e em consonância com quem é, mesmo que tal implique uma maior solidão ou impopularidade. ;

- 2.ª Introduz uma refexão disruptiva: ver através dos olhos e não com os olhos, pois há muitas coisas que não são exactamente como as vemos e podemos incorrer no erro da precipitação ou do julgamento fácil do outro. Podemos até projectar-mo-nos no outro...

Isto requer uma capacidade de empatia - o saber colocar-se no lugar do outro. Com a empatia vem também uma capacidade de relativização e de compreensão de que cada um apenas é capaz de dar aquilo que carrega dentro de si. Como na história dos lobos, umas vezes carregamos amor e gentileza e outras raiva e rancor.

Ser rápido a reagir pode ser uma virtude num contexto reativo e competitivo da sociedade em que vivemos nos últimos anos.

Ser mais reflexivo e empático poderão ser as competências desejadas num futuro. 

No presente contexto, um equilibrio entre ambas é desejável. Perante situações de injustiça, falta de respeito, falta de educação é importante reagir com rapidez.

Porém, se estiver perante alguém violento ou descontrolado emocionalmente uma atitude mais tranquila e ponderada é preferível.

 

 

 

A lenda cherokee dos dois lobos

EU SOU EU SOU, 25.04.20

 

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Um jovem guerreiro, indignado e com raiva, chega junto do seu Avô e conta-lhe que sofreu uma injustiça com um amigo. Então o avô disse ao neto:

"Deixa-me contar-te uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que me magoaram tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói-te, mas não fere o teu inimigo. É o mesmo que tomares veneno, e desejares que o teu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos".

E o avô continuou  a falar com o neto: "É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isso, e da maneira correta.

Mas, o outro lobo, ah!  Esse é cheio de raiva! Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos a qualquer momento, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar, porque a sua raiva e o seu ódio são muito grandes.

É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma!“Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar o meu espírito".

O Jovem olhou intensamente nos olhos do seu Avô e perguntou:

"Qual deles vence, Avô?"

O Avô sorriu e respondeu baixinho: "Aquele que eu alimento".

Aquilo que exteriorizamos é um reflexo  inconsciente do que sentimos. Não devemos  querer matar o lobo que achamos negativo. O negativo não tem força quando não nos focamos nele, aliás, ele tem de estar ali para nos auxiliar a tomar melhores decisões, para termos conhecimento e para entendermos o outro.

Seja o observador dos lobos, e com consciência decida qual irá predominar. E o que escolher é o que vai manifestar na sua vida. Pode ser amor, alegria, harmonia ou equilibrio ou pode ser raiva, ira, rancor ou medo...

 

 

O conhecido, o desconhecido e o incognoscível

EU SOU EU SOU, 23.04.20

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Hoje celebra-se o dia mundial do livro. O livro que estou a ler presentemente é :"Inocência, conhecimento e deslumbramento", de Osho. Tenho este livro comigo há muitos anos mas nunca o terminei de ler. Lembro-me de na altura o ter achado um pouco complexo e de me sentir um bocado desconfortável em vários trechos do livro... Assim, acabei por abandoná-lo... Já vos aconteceu?!

De há um ano para cá que passei a ter uma rotina matinal (acordo uma hora mais cedo que seria necessário para a hora em que começo a trabalhar) e uma das minhas atividades diárias passou a ser a leitura. Apesar de ser uma apreciadora de livros, admito que a vida de mãe, trabalhadora e dona de casa me deixava pouco tempo para ler. Mas é possível!

Ora, como vos estava a contar, passei a ler diáriamente 5 a 10 páginas, umas vezes mais! E além de livros novos também me empenhei em ler livros que estavam na "estante" à espera de serem lidos... Este foi um deles!

Agora eu já estava preparada para o ler, para reflectir acerca dele e para que ele me inspirasse em muito do que aqui venho escrevendo neste blogue.

Uma das reflexões mais disruptivas de Osho nesta obra, consiste precisamente na forma como ele diferencia conhecimento, de desconhecimento e de incognoscível.

O ser humano tem muita curiosidade em desvendar o que é misterioso, tornando-o conhecido. A ciência tem sido o instrumento para trazer conhecimento, para tornar o desconhecido em conhecido.

Porém, além do que é conhecido e do desconhecido existe o incognoscível... E isso está dentro de si e também em tudo o que o rodeia, da mais simples flor, a uma nuvem, uma estrela, um canto de um pássaro! 

Sócrates tinha aquela máxima: "Conhece-te a ti mesmo!" Que na prática quer dizer: tenta conhecer-te a ti mesmo. Não é que isso seja mesmo possível de acontecer, pois há uma parte enorme de nós próprios que nunca conseguiremos conhecer... Fará nos outros!

Já Marco Aurélio dizia: "Sê tu mesmo!" Isto é possível de alcançar! Não precisa de conhecer, só tem de ser você. Desfrutando da beleza que o rodeia. Assumindo que muito do que o rodeia é um mistério e aceitar isso. Assumindo que você próprio é também um mistério e aceitar isso.

Conseguir como as crianças, de quem tanto fala Osho, fruir a vida sem tentar tão obssessivamente catalogar as coisas, comprender as coisas, racionalizar tudo e viver no passado ou no futuro.

Relaxar... Confiar... Entregar...

 

 

Precisamos de solidariedade e de fraternidade

EU SOU EU SOU, 22.04.20

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Neste renascimento económico, social, cultural e espiritual que necessitamos de fazer a partir de agora, a solidariedade e a fraternidade vão desempenhar um papel muito importante. O que hoje só se faz filantrópicamente ou através de pequenos e isolados exemplos, será no futuro a forma dominante de se "fazerem as coisas".

Já vimos que este problema do covid 19 é um problema colectivo, e só colectivamente o conseguiremos superar. Esta é a realidade, pura e dura. Para já  as desigualdades vão acentuar-se ainda mais... O desemprego vai aumentar, o rendimento das famílias vai ser afectado, o número dos sem abrigo e dos pobres também. Estes factos podem ser os ingredientes para muita instabilidade social e para um aumento da criminalidade no futuro...

Estratégias de competição, de individualismo e de conflito do passado só levarão-nos mais rápidamente para o precipício. Para construirmos uma nova realidade temos de nos entreajudarmos desinteressadamente e altruísticamente. O Estado e sobretudo a sociedade civil vão desempenhar um papel muito importante no aparecimento de projectos de inovação que nos permitam reinvertarmos uma nova existência. 

Por agora, e por todo o país, tem surgido exemplos de voluntariado, de doação e de ideias criativas que são de louvar e que já obtiveram o reconhecimento internacional, nomeadamente da OCDE. Porém, são ainda exemplos isolados e não se pode ainda  dizer que houve uma mudança de paradigma.

Não obstante alguns gestos de aparente solidariedade são dissimulados e tem por detrás uma "agenda": objectivos individuais, auto-promoção, golpes de marketing... E lamento dizê-lo mas não agregam qualquer valor.

De facto, muitas pessoas não estão a mudar coisa nenhuma. Já não o estavam anteriormente. Vivem frustradas, inconscientes e internamente alimentam a esperança de tudo voltar a ser como era antes.

O mundinho como estava antes servia-lhes completamente e ter de equacionar viver e de ser diferente é uma grande chatice.

 

 

 

 

 

Ser grato num contexto de insegurança...

EU SOU EU SOU, 21.04.20

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Nos tempos mais recentes da história da humanidade nunca se falou tanto globalmente de insegurança como no presente contexto covid 19. No entanto, em verdade sempre vivemos na insegurança e esta situação da pandemia apenas nos veio evidenciar isso.

O ser humano sempre quiz saber qual o sentido da sua existência e tal preocupação decorre do fato de ser o único ser na terra com a consciência da sua própria mortalidade. Foi na sequência desta insegurança que surgiu a teologia para tentar criar consolo, segurança e conforto - através de uma certa noção de Deus como um pai que vai cuidar de si e vai decidir tudo. Foi também nesta sequência que surgiu a ciência para fornecer ao homem a noção pragmática de que lhe fornecerá todas as respostas e desmistificará tudo. Logo você não precisa de se preocupar pois a ciência vai descobrir todos os mistérios. A própria filosofia também se propôs desmistificar a existência...

Só que "nenhum esforço do homem pode desmistificar a existência (...) Da mais pequena pedra na praia a todo o universo, tudo é tão misterioso que não há possibilidade de o conhecer." - Osho-  "Inocência, conhecimento e deslumbramento".

É preciso coragem para aceitar a insegurança e para a festejar.

Dizemos que a história se repete, e isso é verdade porque a generalidade das pessoas vive robóticamente e rotineiramente. Se aceitarmos a insegurança da vida e também o facto de não termos o conhecimento de tudo, estaremos mais próximos de uma existência mais iluminada.

A insegurança da vida é o que faz com que cada dia seja diferente, mesmo com as nossas rotinas estabelecidas... Isso é o sal e o açucar da vida. Já viu como seria a sua vida se todos os dias fossem exactamente iguais? Seguros e repetidos incessantemente? Mais ou menos o que estamos a vivenciar com o confinamento e isolamento social... Falta qualquer coisa...

Há vários filmes que retrataram esta possibilidade da repetição dos dias, e há um em particular que venho aqui comentar : O Feitiço do Tempo, da Columbia Pictures, com Bill Murray e Andy MacDowell. Este é o seu enredo:

Nevou durante uma viagem a Punxsutawney, Pensilvânia, para cobrir as festividades do Dia da Marmota. O  metereologista Phil Connors (Bill Murray) vê-se preso no tempo, repetindo intermináveis vezes o dia 2 de fevereiro. O seu mundo é habitado pelas mesmas pessoas todos os dias, mas eles não sabem que o dia está  a  repetir-se. Isso dá-lhe uma certa vantagem. Ele pode descobrir o que uma mulher procura num homem, e então no "próximo" dia comportar -se exatamente do jeito certo para impressioná-la. Felizmente, há uma mulher por perto para praticar. Ela é Rita (Andy MacDowell), produtora de Phil, que tem de aguentar  os seus ataques, exigências e mau humor. Pouco a pouco Phil consegue ver os seus erros e melhorar o seu comportamento até que, finalmente, o Dia da Marmota amanhece quando ela realmente gosta dele

Este filme é mesmo interessante e divertido pois evidência bem como seria mónotono reviver conscientemente o mesmo dia incessantemente. Para os restantes personagens que não tem essa consciência não existe esse sentimento de monotonia, mas para a personagem principal não é assim. E o que o que causa a repetição incessante do mesmo dia? O fato do protagonista cometer diversos erros que impedem que a protagonista se interesse amorosamente por ele. Erros do EGO, lá está. Só quando ele abandona o seu carácter egóico e apaixona-se verdadeiramente por ela e é correspondido, o dia deixa de se repetir!

Assim é com cada um de nós! Repetimos incessantemente o mesmo tipo de erro, e quando aprendemos a lição subjacente, surge outro desafio ou aspecto da vida a requerer a nossa atenção! E assim avançamos, passo a passo, pedra entre pedra...

Reportando-nos ao contexto atual, creio estar certa quando digo que ninguém no seu pleno juízo quererá esta doença - neste caso pela forma de um vírus. Isto não é fantástico!

Porém, esta pandemia veio dar-nos uma possibilidade de reflectir acerca destas questões e de nos fazer redefinir prioridades e pode ensinar-nos, se tivermos abertura para tal, a valorizar tanta coisa que antes não davamos grande valor...

Como hoje comentava com uma amiga, é absurdo viver em pânico e totalmente subjugado pelos acontecimentos. Mas também é igualmente negativo, ser um inconsequente e não medir os perigos. Entre estes dois extremos deve existir um meio termo...

Tenha presente isto: a insegurança é um fato da vida, exista ou não pandemia. Assim, aprenda a desfrutar mais da vida, aprenda a reflectir e a pensar pela sua própria cabeça e não vá na onda das massas.

"É uma grande benção que a vida seja insegura, que o amor seja inseguro e que estejamos fundamentalmente num estado de desconhecimento. Nós podemos ser como crianças  - Apanhar borboletas, conchas na praia ou pedrinhas coloridas como se fossem diamantes e desfrutar tudo isso". Osho - "Inocência, conhecimento e deslumbramento".

 

 

 

 

 

 

 

A gratidão é o estado de recebimento

EU SOU EU SOU, 20.04.20

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Nesta pandemia é inevitável pensarmos naquilo que perdemos... A liberdade e facilidade de nos reunirmos com familiares e amigos, a demonstração de afectos (abraços e beijinhos), a sensação de segurança (embora ilusória), a participação em eventos, viajar, ir à praia ou fazer caminhadas sem ser controlado e sem preocupação, ir ao supermercado ou a qualquer lugar despreocupadamente... E tantas coisas mais!  E depois há aquelas estatísticas diárias de mortos e de infectados que muito contribuem para a nossa ansiedade.

Pois é, pensar nestas coisas não nos deixa num bom estado de espírito... É até um bocado deprimente. Não é edificante, pois drena-nos a energia e a vontade de agir. Este é um estado de falta de recursos.

Assim, desde ontem que tenho procurado reflectir acerca do que posso retirar de positivo desta situação, quer em termos individuais como colectivos...

Haverá mesmo alguma coisa positiva para registar?

E dentro de mim surgiu a resposta de que sim, existe!

Em termos individuais quero realçar:

- Uma vida mais tranquila (por não ter tanto stress com deslocações diárias e estacionamento para ir trabalhar) e  por ter uma menor interação com outras pessoas (fonte de drenagem de muita energia) - eu trabalho com o público;

- Ter mais tempo para mim: para reflectir, para desenvolver interesses pessoais, ler, ver filmes, assistir a formações on-line, conversar com a família directa, contactar amigos (redes sociais, telefone) e estar mais atenta às suas necessidades e procurar ajudar.

- Ter mais tempo para a família - e se no início houve alguns conflitos e divergências, agora atingimos uma maior maturidade e entendimento relacional;

- Ter mais tempo para os nossos dois pets (grandes beneficiários do confinamento e do isolamento social)! Tornaram-se dois anjinhos, tendo abandonado as traquinices do passado, nomeadamente os buracos no relvado;

- Uma gestão mais racional de recursos (dinheiro e compras) tendo em mente que esta situação vai ser prolongada e que devemos ser mais responsáveis e prudentes... Se calhar o covid 19 foi o empurrão necessário para se reduzir o consumismo desta família;

- Uma revisão de prioridades, de metas e de objectivos de todos os elementos da nossa família, ajustáveis a esta nova realidade;

- A confirmação de que muitas mudanças internas que iniciei há uns anos me deram ferramentas para enfrentar a presente situação com maior resiliência e tranquilidade.

Portanto, uma série de motivos para sentir gratidão, no meu caso pessoal... A estes motivos acrescentaria também o facto de ter saúde e estar viva e os meus familiares e amigos também... e de ter as minhas necessidades principais asseguradas.

E você, se estiver a ler este post, também poderá rever-se em alguns destes motivos... Ou pode encontrar outros! Pois se tem internet, significa que terá luz, uma casa onde viver, água potável, alimentos, dinheiro para pagar essas despesas... Há quem não tenha... Apenas grande parte da humanidade - e não tem nada a ver com esta pandemia! Este problema mundial existe há séculos!

Algumas pessoas que eu conheço contaram-me não sentir grande diferença nas suas vidas com a presente situação. Uns porque já trabalhavam em teletrabalho, outros tinham um trabalho com horário flexível, e outros ainda estavam em casa reformados ou inactivos. Para estes só a questão da higenização e do distânciamento social, se alterou.

Pelo que observo, aumentou imenso o medo colectivo e a incerteza pelo futuro. Isso é doloroso. E se isso não contribuir para uma mudança da consciência da maioria das pessoas, então mais acontecimentos desafiantes ocorrerão futuramente (na esfera individual e colectiva), pois estamos numa época de mudança de paradigma existencial.

Não, isto não vai voltar a ser igual!

Se mantivermos a capacidade de agradecermos diáriamente por tudo aquilo que a vida nos presenteia, e  que antes julgávamos garantido, criaremos contexto para recebermos muitas mais bençãos.

Se optarmos por nos refugiarmos no medo e no desespero, na impaciência, no julgamento dos outros, na irracionalidade e na inconsciência continuaremos a co criar mais do mesmo.

É impossível ser-se grato e ao mesmo tempo estar sempre a reclamar da vida. Ou se é grato, ou se reclama. Recebemos na mesma proporção em que sabemos agradecer ou se vivemos descontentes com tudo e todos.

Eu sei que realidade quero na minha vida! E você, já decidiu qual vai ser?

 

 

 

 

Uma lenda sobre o surgimento da adversidade

EU SOU EU SOU, 17.04.20

Trago hoje uma lenda da antiga Grécia , muito bonita e cheia de simbolismo, e que se conecta de algum modo com o que se passa actualmente no nosso contexto existencial.

 

A Caixa de Pandora

A caixa de Pandora é uma expressão muito utilizada quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas que é melhor não ser revelado ou estudado, sob pena de se vir a mostrar algo terrível, que possa fugir de controle. Esta expressão vem do mito grego, que conta sobre a caixa que foi enviada com Pandora a Epimeteu.

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Pandora foi enviada a Epimeteu, irmão de Prometeu, como um presente de Zeus. Prometeu, antes de ser condenado a ficar 30.000 anos acorrentado no Monte Cáucaso, tendo seu fígado comido pelo abutre Éton todos os dias,alertou o irmão quanto ao perigo de se aceitar presentes de Zeus.

Epimeteu, no entanto, ignorou a advertência do irmão e aceitou o presente do rei dos deuses, tomando Pandora como esposa. Pandora trouxe uma caixa (uma jarra ou ânfora, de acordo com diferentes traduções), enviada por Zeus na sua bagagem. Epimeteu acabou por abrir a caixa, e libertou os males que haveriam de afligir a humanidade dali em diante: a velhice, o trabalho, a doença, a loucura, a mentira e a paixão.

No fundo da caixa, restou a Esperança (ou segundo algumas interpretações, a Crença irracional ou Credulidade).

Com os males libertados da caixa, teve fim a idade de ouro da humanidade...

 

Na filosofia pagã, Pandora não é a fonte do mal; ela é a fonte da força, da dignidade e da beleza, portanto, sem adversidade o ser humano não poderia melhorar.

Que as adversidades presentes e futuras sejam a base para uma melhoria da humanidade, que bem necessita de melhorar...

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